A confeiteira Alessandra Brito da Silva Carniello, mãe do turista João Victor Brito Rosa, morto por engano em Guarujá, no litoral de São Paulo, recebeu com alívio a notícia da prisão do atirador Vanderlei Alves de Oliveira. Ao g1, ela contou que não consegue olhar a praia desde o assassinato do filho.
“Não consigo ver a areia da praia, não durmo direito, não trabalho direito, nunca mais serei a mesma. Ele não fez nada, não tem como me conformar [com a morte]”, lamentou a confeiteira.
João foi baleado na cabeça em local próximo ao Canto do Tortuga, na praia da Enseada, em 19 de dezembro de 2024. O jovem havia chegado de Carapicuíba (SP) para passar o dia na cidade com uma garota que estava conhecendo. Segundo Alessandra, eles não namoravam.
Vanderlei foi preso nesta terça-feira (7), no bairro Grajaú, em São Paulo. O delegado Thiago Nemi Bonametti afirmou que o homem confirmou ter confundido João. Os suspeitos se apegaram ao apontamento feito pelo mandante do homicídio, que apenas teria indicado o alvo como um homem acompanhado de uma mulher na praia.
Ao g1, Alessandra contou que desconfiou que o filho havia sido morto por engano, pois ele não tinha ligação nenhuma com os suspeitos. No entanto, ela não crê que João estava no lugar errado nem no momento errado.
“Ele estava onde queria estar, assim como todos nós, que temos o direito de ir e vir sem sermos mortos por pessoas doentes. Os bandidos sim estavam no lugar errado, fazendo coisa errada, com pessoas inocentes”, declarou.
A confeiteira disse que recebeu a notícia sobre a prisão de Vanderlei por meio de um escrivão da Delegacia de Homicídios de Santos, que enviou uma mensagem via WhatsApp.
“Foi um grande alívio, sensação de Justiça sendo feita. Não só pelo meu filho, mas também porque ele [Vanderlei] não colocará outras famílias em risco, já que é um assassino de aluguel”, afirmou Alessandra.
De acordo com ela, o tempo entre o crime e a prisão do atirador foi longo, mas a família recebeu respaldo da polícia. “Foi uma espera angustiante, mas também confiante. Os policiais, desde o ocorrido, foram rápidos, trabalharam com excelência em tudo, me mantiveram informada na medida do possível”, disse.
Para a confeiteira, Vanderlei e os demais envolvidos no crime devem receber a condenação máxima possível. “Temos que fazer valer a justiça e mostrar que eles não podem ficar impunes e que existem leis e que, mesmo com muitas falhas, o Brasil não é terra de ninguém”, finalizou.
Segundo a Polícia Civil, Vanderlei foi orientado a matar o atual companheiro da ex-namorada de Vagner Sebastião Barbosa, o mandante do crime. O atirador foi contratado por aproximadamente R$ 30 mil, enquanto o condutor do veículo que o levou até o local recebeu ao menos R$ 5 mil.
Vanderlei era o único que estava foragido após ter ido embora do local do crime em um carro com dois homens: Vagner Sebastião Barbosa, preso por ser o mandante do crime, e Eliaquim Ferreira do Nascimento, detido por conduzir o veículo e abordar a vítima errada.
"Eles acabaram atingindo João Victor porque era o único casal na praia naquela hora logo cedo, e tanto ele como a mulher que o acompanhava eram parecidos, e a ex-companheira do Vagner tem casa exatamente naquela praia", afirmou anteriormente o delegado à equipe de reportagem.
Prisões
Eliaquim foi preso no dia 20 de janeiro deste ano suspeito de participar da execução de João Victor. Segundo o delegado Bonametti, era ele quem dirigia o carro usado no crime. A prisão ocorreu no bairro República, em São Paulo, onde ele estava escondido.
Já no início de fevereiro, Vagner, o suspeito de ser mandante da execução, foi detido ao sair da casa de uma ex-companheira em local próximo ao Capão Redondo, na capital. O homem tinha um food truck onde vendia lanches, sendo que um deles era chamado de 'matador', o que despertou a atenção da polícia.
O g1 não localizou as defesas dos três homens presos até a publicação desta reportagem.
Comentários: